segunda-feira, 8 de março de 2010



Defumações
Matéria publicada no Espaço do Erveiro
Jornal de Umbanda Sagrada

Que a força viva do vegetal possa nos abençoar sempre!

Vamos falar um pouco sobre as defumações. Sempre que citamos ervas, remetemos nosso pensamento aos banhos, e isso é natural, pois natural é a forma de absorvermos a potencia energética das ervas, afinal, nosso organismo humano é três quartos mais água do que material sólido, certo?

Falar da história das defumações é falar da própria história do homem, da descoberta do fogo e das primeiras folhas, galhos secos e elementos naturais que eram jogados ao fogo e exalavam aroma agradável. Esse costume foi passando de geração a geração e várias culturas adaptaram essa prática à louvação a Deus, Deuses e Divindades.

Defumar é oferecer algo agradável ao aroma, é perfumar – do latim “per fumum” – ou pelo fumo. Lembrando que fumo não é tudo que se fuma, mas tudo que se queima, e fumaça deriva de fumo... e isso vai além do uso do tabaco.

A defumação não se limita à purificação religiosa das pessoas e ambientes. Durante muito tempo, a defumação com Alecrim foi usada como agente anti infectante para que doenças fossem impedidas de se propagar pelo ar.

Dentro da religião de Umbanda, o uso da defumação poderia dispensar comentários, mas aqui não dispensamos nada, procuramos levar o conhecimento do simples, pois simples são as coisas do Criador, nós seres humanos é que procuramos complicar as coisas.

Eu não conheço nenhum terreiro de Umbanda que inicie seus trabalho sem cantar para Jurema e defumar com “suas” ervas.

Defumamos para louvar a Deus, seus Sagrados Orixás e os nossos Guias.

Defumamos também para alcançar um estado vibratório adequado para os trabalho espirituais, trazendo ao ambiente a força das ervas, a força viva de Jurema.

Defumamos para purificar, limpar, dissolver larvas astrais e miasmas; defumamos para curar espíritos sofredores e obsessores; e também para dissolver acúmulos energéticos negativos alojados em nosso espírito, cuja natureza da atuação a torna resistente aos banhos.

Ass resinas vegetais estão muito presentes na vida dos terreiros através da defumação e seus cantos consagratórios. Muita gente acha que Mirra, Incenso e Benjoim, aquelas “pedrinhas” de defumar, são pedrinhas mesmo, de origem mineral, e não são. São resinas de origem vegetal, seiva de ervas endurecidas e desidratadas, onde restam os óleos aromáticos e capazes de liberar na queima em carvão em brasa, um perfume delicioso e uma fumaça com poder de realização.

Às resinas, acrescentamos ervas secas de boa qualidade, para a finalidade que queremos.

Sempre falo sobre a qualidade das ervas, porque muitos indivíduos do comércio de artigos religiosos acreditam que o produto para uso ritualístico pode ser qualquer um, sem critério e qualidade, pois afinal vai queimar mesmo. Que queimem suas consciências quando descobrirem que ao oferecer coisas boas para os Orixás e Forças da Natureza, recebemos de volta, multiplicado muitas vezes e aí também está a leia da ação e reação. A economia na base da porcaria é ilusão, é é pobreza de espírito.

Continuando, podemos usar as resinas associada a folhas, cascas, raízes e flores secas com a mesma finalidade.

Por exemplo, uma boa defumação de limpeza pode ser feita com Dandá (tubérculo e raiz), Jurema Preta (casca), Arruda (folhas), Guiné (folhas), Casca de Alho (casca do fruto), resina de Benjoim, e resina de Mirra.

Uma excelente defumação de harmonia e equilíbrio, indicada para preparar ambientes para trabalhos espirituais pode ser feita com Sálvia (folhas), Alfazema (flor e semente), Alecrim (folhas), Cravo da Índia (flor) em pequena quantidade, resina de Olíbano ou Incenso como é conhecida essa resina “amarelinha”.

Lembrando que preparamos nosso turíbulo, ou incensário ou latinha mesmo, com carvão em brasa e colocamos as ervas já preparadas (trituradas ou piladas) em cima dessa brasa.

Na próxima edição continuaremos esse assunto, pois é muito amplo e interessante, e há muito ainda para ser dito e muitas receitas de ótimas defumações com “outras” resinas aromáticas... não percam.

Saúde e sucesso!

2 comentários:

  1. Amei o texto...sempre muito bom com as palavras...
    mas a caricatura....sem sombra de dúvidas ficou fantástica.

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  2. Olá adriano, fiz o seu curso pelo ICA, amei o texto, vou divulgá-lo, juntamente com o endereço do blog!!! Muito obrigada, muito obrigada, muito obrigada!!!
    Abraços
    Joyce Muzy

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